segunda-feira, 3 de junho de 2013

Obsolescência - Quando caminhamos no sentido oposto ao progresso

Bom, este post dedicarei para tratar da tal obsolescência técnica, a planejada e a recepctiva

   Primeiramente temos a impressão que iremos nos deparar com um assunto literalmente técnico e na qual mal podemos classificar em que campo se encontra o tópico abordado. Para os que desconhecem o assunto, não poderia ser melhor compreendido como uma técnica para estimular o consumismo. Para os que já têm ciência do assunto, compartilho minha visão, na qual pude incrementa-la com base em um ótimo documentário espanhol, "Comprar, Tirar, Comprar" na qual recomendo aos que se interessam pelo assunto.
   Partirei de uma definição primordial "é a condição que ocorre a um produto ou serviço que deixa de ser útil mesmo estando em perfeito estado de funcionamento, devido ao surgimento de um produto tecnologicamente mais avançado".
   A obsolescência nos dá a resposta a uma pergunta que com certeza todos nós já nos deparamos. Estamos no século do aperfeiçoamento, a cada dia somos bombardeados com milhares de novidades, principalmente no ramo tecnológico, por que mesmo alcançando patamares de excelência nestes produtos não possuímos também a garantia de longa duração dele?
   Os melhores profissionais estão em união para aperfeiçoar celulares, por exemplo. Por este motivo, por que não aperfeiçoam também sua durabilidade? A resposta é única: não compensa!
   Vou utilizar o exemplo das lâmpadas (também abordadas no doc), já que este elemento representa um ótimo exemplo de obsolescência planejada.
   Em 1879, Thomas Edison criou uma lâmpada capaz de durar 1.500 horas. Com o passar de pouco tempo foram produzidas lâmpadas com duração de 2.500 horas, porém com o surgimento do Phoebus, um cartel organizado por grandes mercadores da época disseram que a ideia seria inviável, afinal, uma lâmpada dessas duraria muito mais. Essa organização passou a limitar a capacidade das lâmpadas para 1.000 horas, pois assim logo terminariam seu prazo útil, e repetiríamos o clico: compraríamos outra lâmpada!  Por este motivo, todos os fabricantes de lâmpadas seriam multados caso ultrapassassem o limite de 1.000 horas.
   Este fato ocorreu por volta de 1924. Será que 89 anos depois ele não possuíram tecnologia e conhecimento o suficiente para produzir uma lâmpada com duração de 10.000 horas?
   A obsolescência planejada é a que a princípio mais indigna as pessoas. Por quê?
Este computador, celular, impressora ou qualquer eletrônico que você tenha em mãos tem um tempo limite para funcionar. Impressoras são programadas a imprimir sem ultrapassar seu limite. Como? Muitas têm em sua configuração um número máximo de impressão: 7.000 por exemplo, e advinha o que acontecerá quando você tentar imprimir a 7001? Ela irá travar, simplesmente para seu pleno funcionamento.
   E a obsolescência não não para por aí. Agora entraremos na obsolescência técnica: Você precisa muito de sua impressora, portanto irá leva-la ao conserto. Lá será induzido a adquirir um nova, de ultima geração. Quantas vezes ao levarmos algo eletrônico a um conserto o técnico já nos disse frases do tipo "o conserto será mais caro que uma nova", "modelo ultrapassado, peças em falta".  Mais uma vez nos deparamos como vítimas de um giro que só visa seu próprio lucro.
  A obsolescência receptiva faz um grande sucesso entre os jovens e todos aqueles apaixonados pelo lançamento, pela inovação. É quando um empresa lança um produto mais moderno em cima de outro lançado a pouco tempo. O produto é mais bonito, tem um design diferente e as vezes não possui nenhuma função diferente daquela que já encontramos em nosso aparelho, porém, o inovador é atrativo. Quem quer ficar com a ideia de ultrapassado?
   A obsolescência no geral nos coloca em uma posição que não condiz com os avanços tecnológicos. Esta condição nos coloca como pessoas frágeis perante um sistema que não visa nada mais do que o próprio lucro.
   O que grandes pensadores e filósofos diriam ao ver uma sociedade "tecnicamente avançada" porém descontrolada perante um simples objeto? O que diriam eles do descarte irracional que fazemos? O que diriam eles da forma como tratamos o meio ambiente? Por que o lucro sempre irá na frente de tudo?
   Como já citado, uma lâmpada de maior duração resulta em economia de tungstênio, elemento constituinte desta, porém em hipótese alguma é válido criar algo que dure por anos.
   Os donos e vendedores do consumismo desenfreado não pensam no amanhã. Estes são os que possuem menor estratégia de desenvolvimento sustentável, afinal, ele não é valido quando o assunto é poder ter o descarte imediato. Quanto mais lançam produtos novos e com durabilidade menor, maior será a frequência de compra. Consegue entender porque grandes produtoras são desleais não apenas conosco, meros consumidores, como também com a natureza?
   Nossa sociedade "intelectual" produz em grande escala lixo, lixo e mais lixo. Estes restos, muitas vezes eletrônicos vão parar em países de terceiro mundo, lá funcionam como um terreno baldio para os dejetos produzidos pela grande sociedade civilizada. A sociedade do primeiro mundo.
   Encerro aqui com um único pedido: revisem suas ações consumistas. Não render-se ao modismo do ultimo eletrônico só porque ele tem um design diferente não significa ser careta, ao contrário, revela uma maturidade e superioridade em relação à aqueles que se desesperam perante um produto só porque ele tem uma "maça" como símbolo.
   Aprendam a consertar, o conserto não é um sinal de pobreza, jamais! É uma atitude de respeito a natureza, uma atitude de respeito aos países que infelizmente funcionam como "depósito", evite o descarte desnecessário.
   E nunca se esqueça, use o poder de compra ao seu favor. Você jamais deve submeter-se ao desnecessário. Nunca poderemos nos gabar com o título de "ser racional" enquanto formos escravos de nossos próprios impulsos consumistas e dos dejetos causados por uma atitude imatura.


Sumaya Chaouk


Um comentário:

  1. Estranhamente (ou talvez não) já refleti bastante sobre este assunto e inclusivé passei a odiar todas as impressoras a jato de tinta e fones com morte programada.
    Excelente artigo.
    Parabéns à autora, Sumaya Chaouk.

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